quinta-feira, 28 de abril de 2011

Chá de Santo Daime

Diversas plantas com propriedades alucinógenas têm sido utilizadas com finalidades místicas desde as antigas civilizações, apresentando um papel importante em ritos religiosos, pois, a explicação para os efeitos dessas plantas do transporte da mente humana a regiões etéreas ainda hoje é atribuída ao autoconhecimento, aos contatos com o mundo espiritual, divindades e outras forças. No Brasil, verifica-se que no ritual de seitas como na União do Vegetal (UDV) e no Santo Daime, o uso de plantas é bastante difundido e culturalmente aceito, até porque por serem fundamentadas em direito constitucional de liberdade de culto e religião, não há restrições para essas seitas quanto ao uso de plantas sob o aspecto forense, além de que nada consta na "Lei 6368/76 - Lei de entorpecentes" sobre os componentes das plantas utilizadas.

A seita religiosa do Santo Daime faz utilização de um chá preparado a partir da planta Bannisteriopsis caapi, uma parreira ou cipó gigante da família Malpighiaceae, nativa das zonas tropicais, na América do Sul e Antilhas, também conhecida como Ayahuasca, Yajé, Dapa, Miki, Natema, Kahi ou Oasca, em associação com outra planta, a Psychotria viridis, da família Rubiaceae. A B. caapi apresenta alcalóides que são potentes inibidores da enzima monoaminoxidase (MAO) como a harmina (telepatina). Enquanto que na P. viridis há derivados indólicos, principalmente o DMT (N,N-dimetiltriptamina), que age sobre os receptores da serotonina.

A mistura das duas plantas potencializa a ação das substâncias ativas, pois o DMT é oxidado pela MAO, a qual está inibida pela harmina, acarretando um aumento nos níveis de serotonina, causando impulsão motora para o sistema límbico no sentido de aumentar a sensação de bem-estar do indivíduo, criando condições de felicidade, contentamento, bom apetite, impulso sexual, equilíbrio psicomotor e alucinações.
Os efeitos tóxicos, embora sejam subestimados pelos praticantes da seita e, assim, atribuídos ao processo de purificação da alma são caracterizados por vertigens, náuseas, vômitos intensos, diarréias, palpitação, taquicardia, tremores, midríase, euforia e excitação agressiva. Dentre os principais efeitos alucinógenos tem-se as alucinações visuais de animais, a comunicação com divindades ou demônios, o vôo pelos ares a lugares distantes, denominados pela seita de “mirações”. Isso cria um impasse no que diz respeito ao risco de intoxicação a que estão sujeitos os seguidores dessas seitas.

De acordo com alguns depoimentos de seguidores da seita, os efeitos manifestados são controlados e interrompidos quando necessário. Mesmo nos relatos indígenas, sair do corpo ou adotar outra forma (como, por exemplo, tornar-se uma águia, serpente ou outra pessoa) são efeitos freqüentemente relatados.

Embora a bebida tenha sido proibida no Brasil no ano de 1985, liberada dois anos depois e tenha ocorrido nova tentativa de proibição nos anos 1990, em janeiro de 2010 o governo brasileiro formalizou legalmente o uso religioso do chá ayahuasca, vetando o comércio e propagandas do mesmo, o qual só pode ser utilizado com fins religiosos e não lucrativos, com a criação de um cadastro facultativo para as entidades que o utilizam.

Nos últimos anos, várias discussões sobre a permissão de substâncias alucinógenas, ou mistura de substâncias, em seitas religiosas, tem sido realizadas por profissionais de diversas áreas, pois, vem ocorrendo um aumento do número de adeptos desta seita que turvam sua finalidade ritual, visando apenas o consumo inadequado e abusivo das substâncias alucinógenas. Devido a isso, ainda é necessário o desenvolvimento de estudos referentes à avaliação do potencial tóxico dessas substâncias, considerando, principalmente, a indução de tolerância, a síndrome de abstinência ou o desejo compulsivo, além da questão do desencadeamento de reações adversas quando combinadas com medicações como os inibidores específicos da recaptação de serotonina, podendo levar ao desenvolvimento da síndrome serotoninérgica, e do fato de que, apesar da existência de extensa literatura sobre o assunto, ainda permanece o mistério sobre o porquê essas substâncias, diferentemente de outras que trazem prejuízos à saúde e ao convívio em sociedade, segundo depoimentos de adeptos da seita colaboram para uma melhoria desses aspectos.


 


REFERÊNCIAS








quinta-feira, 7 de abril de 2011

BOA NOITE CINDERELA

BOA NOITE CINDERELA (BNC) é o nome dado ao golpe que se caracteriza por administrar, sem que a vítima saiba, uma substância que promova um estado modificado de consciência caracterizado por uma incapacidade de reação (luta ou fuga) e incapacidade da vítima se recordar do acontecido.

Apesar de se tratar de um tema da área de álcool e drogas, sua questão é mais jurídica do que de saúde pública: o BNC não é uma droga específica, mas sim uma contravenção penal.  São utilizadas substâncias psicoativas como facilitadoras de crimes como assalto e estupros, em situações onde o criminoso adiciona a droga à bebida da vítima em bares ou festas sem que a mesma perceba e aproveita-se do entorpecimento que essas substâncias promovem para cometer o crime.

A substância mais utilizadas no golpe são:
- calmantes (benzodiazepínicos), em especial o lorazepam (Lorax), o flunitrazepam (Rohypnol) o bromazepam (Lexotam);
- GHB (ácido gama-hidroxibutírico);
- cetamina (substância usada como anestésico para humanos e animais, é também utilizada como droga de abuso por suas características).

 Os benzodiazepínicos apresentam-se na forma de comprimidos, líquidas (gotas) e injetáveis. Em doses terapêuticas é capaz de aliviar a ansiedade e induzir o sono. O uso em altas doses pode causar sedação excessiva, relaxamento da musculatura, brancos (períodos de amnésia, com desorientação no tempo e no espaço).  

A droga GHB é comercializada no estado líquido com características de ser incolor, inodora e de sabor levemente amargo, que é mascarado quando colocado em bebidas, muito potente e mesmo em pequenas doses pode causar intoxicações intensas. Seus efeitos se iniciam em 20 a 30 minutos após a ingestão e duram de 2 a 5 horas, dependendo da dose e das características individuais da pessoa.

Normalmente as substâncias são administradas ou usadas em associação com o etanol (bebidas alcoólicas), esse efeito pode ser potencializado e a duração se prolongar. À semelhança do que acontece com o uso do etanol, é comum o usuário ou vítima dormirem na sequência do efeito e ao acordarem não se lembram do que ocorreu devido à amnésia que a substância provoca.

Desta forma, concluímos que apesar de ser um crime que não é tão comentado quanto deveria e é mais comum do que imaginamos é importante estarmos sempre atentos e tomarmos certas precauções para nossa segurança. Como: não confiar nas pessoas pela sua aparência, não deixar a fácil alcance de qualquer um e aceitar bebidas de desconhecidos e permanecer sempre acompanhado de amigos. Além de sempre registrar uma denúncia em um episódio como esse, pois muitas vezes o medo e a vergonha das vítimas superam o senso de justiça e deixam impunes os criminosos.

REFERÊNCIAS
http://idmed.uol.com.br/viva-melhor/boa-noite-cinderela-saiba-como-se-prevenir-do-golpe-da-qdroga-do-estuproq.html
http://apps.einstein.br/alcooledrogas/novosite/index.htm

A MACONHA PODE MATAR?

 

Há dois modos de responder a esta questão: se a maconha pode matar por overdose, ou seja, pelo consumo de sua dose letal; e se ela mata por decorrência de algum acidente ocasionado em função de seu uso.
Não há registro de morte por overdose  por consumo de maconha e nem pelo consumo do seu princípio ativo (THC- tetraidrocanabinol) isolado, uma vez que  um cigarro de maconha ou baseado típico contém cerca de 0,3 a 1g da droga e para que uma overdose ocorra estima-se que o consumo deveria ser de 15  a 70g, o que corresponde a uma alta concentração de THC. Mesmo para usuários pesados, que consomem habitualmente cerca de 5 cigarros de maconha por dia (máximo de 5g de maconha), o risco de se atingir altas concentrações de THC  é praticamente nulo.
Mesmo não existindo este risco, não se pode dizer que não tenham ocorrido mortes, mesmo que  indiretamente, decorrentes do uso da maconha. Seu princípio ativo é uma substância psicoativa que leva a problemas cognitivos como o prejuízo à memória e à habilidade de resolver problemas, distorções de percepção, problemas na habilidade motora, ou seja, a uma grande desorganização mental, levando à ocorrência  de muitos acidentes com pessoas que, tendo usado maconha, realizaram atividades para as quais não estavam em condições como dirigir, nadar, dimensionar distâncias ou alturas. Fatos assim acontecem frequentemente porque muitos dos usuários não tem consciência dos riscos aos quais estão expostos.
Além disso, existem também os riscos advindos do uso crônico da maconha a qual, além de acarretar um aumento da incidência dos distúrbios mentais, apresenta grande impacto sobre o sistema respiratório, pois, sua  fumaça é muito irritante, seu teor de alcatrão é muito alto (maior que do tabaco) e contém benzopireno, substância cancerígena, levando, assim, a consequências como hipertensão, asma, bronquite, cânceres, doenças cardíacas e doenças crônicas obstrutivas aéreas que podem levar à morte. Estima-se que no Reino Unido ocorrem mais de 30 mil mortes por problemas respiratórios decorrentes do fumo da maconha.
Existem, ainda, os riscos associados à mistura da maconha com outras drogas, especialmente o álcool, que pode potencializar seus efeitos aumentando significativamente os riscos de acidentes, principalmente com veículos.
Assim, embora a maconha não apresente o potencial direto de levar um indivíduo à morte, indiretamente pode favorecer condições para que ela ocorra, concluindo-se, então, que a maconha pode matar!
 REFERÊNCIAS